Os agricultores da Várzea do Benaciate, em São Bartolomeu de Messines, Silves, pediram hoje ao Governo "urgência" na renovação do contrato de gestão da rega, porque receiam que a água possa faltar devido à degradação da infraestrutura.
"Desde 2012 que aguardamos que o Governo renove o contrato de prestação de serviços para a manutenção da rega, porque não há dinheiro e corremos o risco de ficar sem água", disse hoje à agência Lusa, Pedro Cabrita, da Junta de Agricultores da Várzea do Benaciate.
Composto por 400 hectares de terrenos agrícolas, pertencentes a 410 proprietários, o perímetro de rega do Benaciate, no concelho de Silves, no Algarve, tem cerca de 270 hectares de citrinos, com a restante área destinada a plantações cerealíferas, com predominância para o trigo e cevada.
O aproveitamento hidroagrícola é da competência da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, mas a manutenção da infraestrutura de rega, despesas com o funcionário e viatura de serviço foi entregue à junta de agricultores, através de um protocolo de prestação de serviços.
De acordo com o representante dos agricultores, o compromisso assinado com o Estado tem a duração de dois anos, "mas só foi paga a verba correspondente a 2011, no montante de cerca de 37 mil euros".
"A verba já foi gasta e, neste momento, está em risco a manutenção e gestão de todo o sistema de abastecimento de água", destacou.
"A conduta principal, com cerca de cinco quilómetros de extensão, tem três roturas e não temos dinheiro para efetuarmos a reparação", sublinhou Pedro Cabrita.
O responsável lamentou que o Governo "dê pouca importância a um setor apontado como essencial e para o qual reclama investimentos", acrescentando que nos vários contactos mantidos com a Direção Geral de Agricultura, "a resposta é a de que estão a aguardar por autorização" do Ministério das Finanças para efetuar os pagamentos.
A situação da Várzea do Benaciate levou o deputado Miguel Freitas do PS a reclamar do Governo "uma decisão urgente relativamente à necessidade de revalidação do contrato de prestação de serviço com a Junta de Agricultores".
Segundo o deputado, se o caso não for resolvido rapidamente, "levará ao encerramento de portas e cancelamento dos serviços de manutenção da rede, exatamente no momento em que se inicia a época de rega".
"É inadmissível que 250 hectares de pomares se encontrem em risco de falta de água por somente questões políticas e burocráticas, sendo fundamental que o Governo dê uma resposta a estes agricultores", concluiu Miguel Freitas.
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