terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Uma memória selectiva
O que era urgente, deixou de o ser.
Como bem se recordam, na reunião de 11-12-2009, foram aprovadas duas propostas que, seguramente por esquecimento persistem em não serem cumpridas.
Para os mais distraidos, relembro o que aí se passou:
“Solicite-se parecer jurídico sobre a proposta de protocolo entre a Fábrica do Inglês e a Câmara Municipal no âmbito de funcionamento do Museu da Cortiça com os esclarecimentos prestados pela Fábrica na sua carta datada de 03-12-2009, bem como qual a figura jurídica que pode enquadrar a intervenção da Câmara Municipal de Silves”.
Aprovada por unanimidade.
Solicitada reunião da Assembleia Municipal
Como referi “ parece-me que este assunto deve ser encaminhado para o órgão político que fiscaliza a Câmara por muitas razões e mais uma que reside no facto de a Autarquia ser accionista da Fábrica e porque qualquer solução aqui encontrada teria que ser sempre submetida á Assembleia Municipal. Estaremos assim a encurtar o tempo da discussão…”
“…pelos considerandos atrás referidos…deverá ser solicitado que este assunto seja agendado para discussão pela Assembleia Municipal após o parecer jurídico.
No entanto, se o dito parecer não for apresentado dentro de uma semana, deverá ser solicitada a convocação da Assembleia Municipal de forma a que possa analisar qual o papel pretendido para a Câmara Municipal na salvação do empreendimento da Fábrica do Inglês”.
Aprovada por unanimidade.
Referendo local sobre o papel que se pretende que a Câmara assuma na salvação do empreendimento conhecido por Fábrica do Inglês.Curiosamente , ou nem tanto assim, o que era urgente deixou de o ser. A vontade de comprar a Fábrica manifestada pelo Executivo Permanente PSD arrefeceu???
Ou haverá outra estratégia...
Preocupado que estou com a situação, lembrei ao Dr. Rogério que as deliberações camarárias são para cumprir. Se não forem revogadas cumprem-se. Caso contrário, é muito simples, pese embora custar-me, será denunciada a situação em sede própria para cumprimento da Lei.Jogar com o deixa andar, não contem comigo...
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Parece-me que não contam mesmo nada consigo.
ResponderEliminarÉ tudo uma farsa.
Pinóquio
Caro Vereador, ex-colega da Oposição,
ResponderEliminarMuito me desilude a tua (ainda que em situação pública, prefiro o habitual, porque normal, tratamento informal entre nós) actual posição quanto à questão Fábrica do Inglês, sobretudo após a reunião realizada entre a Administração da mesma, e na qual estive também presente, e o plenário da CMS. Nessa reunião pareceu-me unânime o interesse do órgão autárquico na preservação deste histórico espaço, sem paralelo em Portugal. Procurava-se então uma solução transitória que permitisse a manutenção do espaço aberto ao público, e que desse tempo para encontrar uma solução mais definitiva, no quadro da sociedade anónima ou no quadro municipal. Mas, sobretudo, fornecer para o exterior um sinal de inevitável continuidade com positivos efeitos para accionistas e credores, em geral. A pública revelação dos pormenores financeiros das dificuldades em que vive a Fábrica, não ajudou em nada, antes pelo contrário, tiveram efeito totalmente adverso a este desiderato, nem imaginas como (até para o próprio museu)! Curiosamente, e com todos os pormenores, o que só facilita a vida a quem luta pela sobrevivência (ironia minha, é claro!), através dum “jornal” que publicamente não te tratou muito bem, eufemisticamente falando. “Alianças pagãs”, para futura memória. Mas cada um sabe de si. Porém, das duas uma: ou foi ingenuidade ou maldade.
Como silvense de adopção, defensor do património histórico/cultural que ainda temos, director “in nomine” do Museu, responsável pela preservação do espólio que ali está e que é toda fábrica enquanto conjunto, único, não me interessam guerras de “alecrim e manjerona”. Interessa-me que a autarquia, e os seus representantes, nos quais te incluis, cumpram com o seu dever: preservar a herança cultural deste concelho, e é isso que está em causa. Outros, vindos de fora, parecem mais preocupados que os cá de dentro. Custa-me entender isso!
Tenho as minhas dúvidas quanto à necessidade de um parecer jurídico (mais um!?) para esclarecer os representantes municipais e conceber uma estratégia de intervenção que, seja agora ou depois, sempre se irá colocar à autarquia. Mesmo aqui ao lado, em Portimão, talvez até com algum exagero, a criação de parcerias público/privadas para gerir espaços culturais ou de serviços existentes ou ainda em projecto, é o dia-a-dia. Por aqui parece que se “chuta para canto”, primeiro pedindo parecer jurídico (dou de barato), depois parecer da Assembleia (concordo, claro), mas depois, e se não bastasse, para baralhar e “mandar a coisa para as calendas”, venha o referendo popular. Afinal o que(m) decide depois: a Assembleia ou o Referendo? (onde é que eu já vi este filme, terá sido na questão do casamento gay?).
Enfim, e para terminar, reforço a opinião de que considero o Referendo uma proposta totalmente surreal, populista, que acrescenta despesa pública, e não faz qualquer sentido, nem é em tempo útil determinante na solução (fico só, e até, curioso quanto às perguntas que seriam depois propostas ao eleitorado!); deixo ficar também o testemunho do que penso sobre o assunto e já partilhei nos últimos tempos, com relativo consenso, com muitos actores locais, regionais e nacionais, sinceramente preocupados com o destino desta memória única que a cidade e o concelho alberga.
E, acredita(em), ou não, tanto me faz. Não é o “tacho” que defendo, pois nada acrescenta: o voluntariado por estas coisas, históricas/políticas ou outras, não é de agora…
È o que resulta das decisões que são tomadas.
ResponderEliminarSó que não me conhecem ainda...