quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Director do Museu da Fábrica critica Fernando Serpa

Sempre acreditei na Democracia.
Sempre defendi o principio do contraditório, ainda mais quando ele é assumido, não escondido no anonimado.
Por isso, segue o comentário do Dr. Manuel Ramos que, com todo o Direito critica as posições que tenho tomado no assunto "Fábrica o do Inglês".
Claro está, amanhã, terá a devida resposta.
Mas por enquanto, queiram apreciar os argumentos que, vindo de quem vem, são mais do que aceitáveis. Trata-se do Director do Museu.

Manuel Ramos disse...

Caro Vereador, ex-colega da Oposição,
Muito me desilude a tua (ainda que em situação pública, prefiro o habitual, porque normal, tratamento informal entre nós) actual posição quanto à questão Fábrica do Inglês, sobretudo após a reunião realizada entre a Administração da mesma, e na qual estive também presente, e o plenário da CMS. Nessa reunião pareceu-me unânime o interesse do órgão autárquico na preservação deste histórico espaço, sem paralelo em Portugal. Procurava-se então uma solução transitória que permitisse a manutenção do espaço aberto ao público, e que desse tempo para encontrar uma solução mais definitiva, no quadro da sociedade anónima ou no quadro municipal. Mas, sobretudo, fornecer para o exterior um sinal de inevitável continuidade com positivos efeitos para accionistas e credores, em geral. A pública revelação dos pormenores financeiros das dificuldades em que vive a Fábrica, não ajudou em nada, antes pelo contrário, tiveram efeito totalmente adverso a este desiderato, nem imaginas como (até para o próprio museu)! Curiosamente, e com todos os pormenores, o que só facilita a vida a quem luta pela sobrevivência (ironia minha, é claro!), através dum “jornal” que publicamente não te tratou muito bem, eufemisticamente falando. “Alianças pagãs”, para futura memória. Mas cada um sabe de si. Porém, das duas uma: ou foi ingenuidade ou maldade.
Como silvense de adopção, defensor do património histórico/cultural que ainda temos, director “in nomine” do Museu, responsável pela preservação do espólio que ali está e que é toda fábrica enquanto conjunto, único, não me interessam guerras de “alecrim e manjerona”. Interessa-me que a autarquia, e os seus representantes, nos quais te incluis, cumpram com o seu dever: preservar a herança cultural deste concelho, e é isso que está em causa. Outros, vindos de fora, parecem mais preocupados que os cá de dentro. Custa-me entender isso!
Tenho as minhas dúvidas quanto à necessidade de um parecer jurídico (mais um!?) para esclarecer os representantes municipais e conceber uma estratégia de intervenção que, seja agora ou depois, sempre se irá colocar à autarquia. Mesmo aqui ao lado, em Portimão, talvez até com algum exagero, a criação de parcerias público/privadas para gerir espaços culturais ou de serviços existentes ou ainda em projecto, é o dia-a-dia. Por aqui parece que se “chuta para canto”, primeiro pedindo parecer jurídico (dou de barato), depois parecer da Assembleia (concordo, claro), mas depois, e se não bastasse, para baralhar e “mandar a coisa para as calendas”, venha o referendo popular. Afinal o que(m) decide depois: a Assembleia ou o Referendo? (onde é que eu já vi este filme, terá sido na questão do casamento gay?).
Enfim, e para terminar, reforço a opinião de que considero o Referendo uma proposta totalmente surreal, populista, que acrescenta despesa pública, e não faz qualquer sentido, nem é em tempo útil determinante na solução (fico só, e até, curioso quanto às perguntas que seriam depois propostas ao eleitorado!); deixo ficar também o testemunho do que penso sobre o assunto e já partilhei nos últimos tempos, com relativo consenso, com muitos actores locais, regionais e nacionais, sinceramente preocupados com o destino desta memória única que a cidade e o concelho alberga.
E, acredita(em), ou não, tanto me faz. Não é o “tacho” que defendo, pois nada acrescenta: o voluntariado por estas coisas, históricas/políticas ou outras, não é de agora…

6 comentários:

  1. Agradeço o destaque, aguardo a réplica.

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  2. Muito interessante,não sendo necessário um parecer juridico,(mais um?!),referendo nem pensar,muito caro,comprar, porque sim, é a melhor solução.
    Anda a autarquia a toque dos ultimatos ditados pela incompetência de um particular pouco escrupuloso,a população está melhor sem saber os pormenores,recomenda-se sigilo,será que é mesmo isto?
    Isto vai bonito e recomenda-se.
    Dr. Serpa,está a fazer um bom trabalho,parabéns.

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  3. Estimado Drº Serpa, cá estou eu de novo a dizer o que me vai na alma. Desde o dia em que essas peças valiosas que estão no museu foram lá postas , todas os que estiveram envolvidos nesse projecto, incluindo o Senhor Director , sabiam que esse tesouro estava a ser entregue a particulares certo? então com tantas pessoas como sendo advogados e outros com formação nessa area , ningúem mas mesmo ninguém se lembrou de assegurar e proteger o futuro dos mesmos? era de prever que a Fabrica não iria funcionar, e havia que ter em atenção caso o imovel fosse vendido a terceiros , correndo o risco das peças serem até porque não levadas para o estrangeiro,repito deveria ter sido assegurado e protegida tal riqueza assinando documentos ou fazendo protocolos pois não preciso de falar com economistas para chegar a conclusão que se tratava de um projecto morto antes de nasçer. È lógico que havia um plano. Agora de um dia para o outro, todos acordaram e a Fabrica/Museu é o problema nº1 da cidade.Entretanto é engraçado encontrar (poucas vezes) pelas ruas de Silves, os gestores da dita fabrica cor ar de executivos carregango umas pastas enormes, certamente cheias de outros BONS projectos para a cidade.
    Adorava também deixar aqui a minha foto, mas tenho de admitir que não sou muito fotogénica.
    Bom fim de semana para todos.

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  4. Sou eu de novo só para dizer que não corrigi o meu comentário e agora que foi publicado é que vi os erros. Em vez de "cor ar " eu queria dizer com ar, desculpem, para além de não ser fotogénica também sou um pouco distraida.
    Doutor Serpa conhecemo-nos bem, penso que ainda poderá melhorar bastante , não se deixe intimidar por essa gente que têm andado a brincar aos politicos. Concordo com o que disse Belmiro de Azevedo, " A nossa classe politica é muito fraca"
    Pense assim`: PEDRAS NO MEU CAMINHO...APANHO-AS TODAS, POIS COM ELAS CONSTRUIREI O MEU CASTELO.
    Boa noite a todos,

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  5. Agradeço o apoio e se conhece sabe que não vergo.

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  6. Claro que sei que não verga, continue a apanhar as pedras. No entanto esteja preparado para se defender porque algumas podem ser muito volumosas...entende?
    Até um dia destes.

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