sexta-feira, 16 de março de 2012

Era uma vez em Silves. Parte I

No universo dos eleitos, alguém ansiava por sair.
Lá chegar era uma meta. Para onde?
Pouco importava, desde que se fechasse o ciclo e assim, não fosse perseguida pelos fantasmas do passado. Com isso se contava.
A resposta foi célere. O sim fez-se ouvir.
Sussurrou-se a notícia ao ouvido de quem assumiria a despesa pelos pecados cometidos, e zás, respirou-se de alívio. A poucos dias de distância, estava a terra prometida, não a desejada, mas a possível.
A data foi agendada para o primeiro de Abril.
Alguns respiraram de alívio, por o caminho lhes ter sido aberto, permitindo a ascensão na carreira, nem que fosse por alguns meses.
Outros choraram, mergulhando a saudade num desespero inconsolável, confrontados que foram com um regresso antecipado às origens.
Os restantes nem se deram conta do que se passara.
Era um vez…
Mas tudo se esfumou.
A maldição do primeiro de Abril, voltou a fazer das suas. O que fora assumido como certeza, evaporou-se num mar de incertezas.
Quem festejou antes do tempo, arrependeu-se. E, ficou no seu lugar, sem ter compreendido que a sua ascensão se esgotara antes de o ser.
Saboreou o doce veneno de alguns bajolamentos antecipados, mas por aí se ficou.
Quem queria abandonar o barco, rompendo os compromissos assumidos com a populaça, regressou sem ter saído.
Moral da história: ou já não se tem idade para sair e assim mais vale ficar, ou por tudo ter que ser gratuito, não interessa sair.
E, por aqui me fico, boa noite.

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