No seguimento do requerimento datado de 17-10-2011, apresentado pela Vereação Socialista ao Sr.Vice Presidente Dr. Rogério Pinto, foi por este marcada uma reunião extraordinária para o dia21-10-2011 que, curiosamente, ou nem tanto assim, procurou depois desmarcar.
O que não aceitei.
Mais valia tê-lo feito, pois, nesse dia, para surpresa dos presentes fui impedido de falar, pela rapidez da decisão de suspender a reunião, passado vinte segundos do seu inicio.
Alegou que não estava em condições.
Voltou a marcar a reunião para o dia24-10-2011, que desmarcou no dia seguinte.
Como não há duas sem três, agendou a dita para ontem , dia 31 de Outubro de 2011, quiçá na esperança de não haver quórum.
Se pensou, enganou-se.
Os três Vereadores não Permanentes, eu , a Drª. Lisete Romão e a Drª. Rosa Palma, estivemos presentes.
O Sr. Vice Presidente também, devidamente acompanhado da Drª. Filipa Cota, Ilustre Advogada da Sociedade PLNJ.
E, por aqui passou o grande segredo dos sucessivos adiamentos de uma reunião que se impunha há muito.
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Apetece recordar Fernando Pessoa.
ResponderEliminarAdiamento
Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã…
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não…
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico…
Esta espécie de alma…
Só depois de amanhã…
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte…
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos…
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã…
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro…
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã…
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância…
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital…
Mas por um edital de amanhã…
Hoje quero dormir, redigirei amanhã…
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo…
Antes, não…
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã…
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã…
Sim, talvez só depois de amanhã…
O porvir…
Sim, o porvir…
Solução Editora, I, Lisboa, 1929
Álvaro de Campos
14-4-1928