sexta-feira, 16 de março de 2012

Era uma vez em Silves. Parte II

Mas como a tradição já não é o que era, quando muitos pensaram que a moral da história punha um ponto final na dita, enganaram-se.
Eis então que entra em cena um príncipe encantado.
Pois é, há sempre um príncipe encantado em todas as histórias com um final feliz.
Esquecendo caminhadas adversas, dá o salto em frente, ou para o lado, pouco importa, e em nome de princípios mais do que defensáveis, sai em defesa da dama, e em seu socorro premiando cerca de 16 anos de “esperanças”, possibilita a concretização da tão desejada ambição, entenda-se a sua ascensão a um lugar apetecível, dos poucos ainda disponíveis, nesta dança de “boíis e lédies”.
A algarviada que nos une, assim dita a pronúncia.
Mas como uma dama não deve andar só, face ao momento de insegurança que o nosso Algarve atravessa, sai acompanhada de mais dois “compagnons de route”, ambos vizinhos e da mesma geração.
Por mais promessas de fidelidade à populaça cá do burgo, por mais juras eternas que ficava junto dos seus, até ao ultimo segundo do ultimo dia do mandato, por tudo e mais alguma coisa, nada feito.
Sucumbiu.
O desejo da saída, foi mais forte.
Venceu o cansaço de quem heroicamente resistiu tantos anos à tentação, e esgotada que estava de tanto esperar.
De facto, a tradição já não é o que era!!!
E, de malas feitas, com uma pequena e contida lágrima no canto do olho, aguarda impacientemente a decisão do seu Príncipe encantado, para assentar arraiais noutra cidade, menos mourisca, é certo, mas mais cosmopolita.
Haverá uma segunda moral para esta história?
Podia, mas, como não quero agoirar a coisa, limito-me apenas a referir que, a promessa assumida com uma validade de quatro anos, poderá ser assim quebrada, antes do seu terminus.
E, se um Príncipe encantado responder ao apelo, e entrar no enredo, tudo se torna possível.
Ainda bem, para quem anseia por sair, mas não para quem esperava, como eu, que o mandato fosse cumprido na sua totalidade, em nome do juramento feito na tomada de posse e de tudo o que foi feito e não feito.
Que quem venha a seguir feche a porta e assuma as responsabilidades que não sendo suas passam a ser.
Assim, decidiu o Príncipe encantado, a favor da sua lédie.

Sem comentários:

Enviar um comentário